ENTREVISTAS

Entrevista à Coordenadora de Ciências Exatas e Naturais da Escola Básica de Gualtar

José Miguel: Olá professora Fernanda. Primeiramente, gostaríamos de agradecer por ter aceitado participar nesta entrevista. Começando, queríamos que explicasse brevemente quais são os seus cargos aqui na escola.

Professora Fernanda: Obrigada, eu pelo convite. Atualmente, sou professora de Matemática do 3.º ciclo e coordenadora do Departamento de Ciências Exatas e Naturais.

Inês: De seguida gostaríamos de saber qual foi o motivo para escolher lecionar a disciplina de matemática?  Demonstrou sempre interesse ou foi algo repentino?

Professora Fernanda: Enquanto aluna, sempre gostei da disciplina de Matemática. Foi sempre a minha preferida! Como gostava de ajudar os meus colegas a resolver exercícios, foi fácil a opção em ser professora de Matemática.

José Miguel: Não sabemos se tem muita experiência no ensino ao 2º ciclo, mas tem alguma ideia se os métodos de ensino e a exigência muda do 2º para o 3º ciclo?

Professora Fernanda: Nunca lecionei o 2.º ciclo mas a exigência das aprendizagens de Matemática vai aumentando à medida que se muda de ciclo de escolaridade. Penso que o mesmo acontece nas outras disciplinas...

Inês: Gostaríamos de saber qual é a opinião da professora em relação aos salários dos professores e o modo como são tratados atualmente.

Professora Fernanda: O trabalho dos professores como agentes educativos devia ser mais reconhecido e valorizado, tanto pelo sistema político como pela sociedade. Ser professor exige muita dedicação e tempo, que infelizmente não se reflete na sua remuneração.

José Miguel: Agora entrando no assunto principal, a comemoração do Dia Internacional da Matemática. Professora Fernanda que atividades planeou para este dia? Acha que de algum modo a pandemia afetou esta comemoração?

Professora Fernanda: A celebração do "Dia Internacional da Matemática" foi este ano uma vez mais condicionada pela pandemia. As atividades previstas pelo grupo disciplinar ficam restringidas à sala de aula de cada turma. As salas estão a ser decoradas com os trabalhos realizados pelos alunos. No dia 14 de março, os alunos foram convidados a vestirem uma T-Shirt branca decorada com símbolos matemáticos.

Inês: Em relação à matemática e à sua história, tem alguma curiosidade ou um facto interessante que gostaria de divulgar?

Professora Fernanda: O Dia Internacional da Matemática (Dia do Pi) comemora-se no dia 14 de março, porque, na nomenclatura anglo-saxónica, o dia 14 de março escreve-se 3/14, os primeiros algarismos do número irracional Pi . O simboliza a razão entre o perímetro de uma circunferência e o seu diâmetro.

José Miguel: Como todos sabemos, a aprendizagem da Matemática exige dedicação e trabalho contínuo. De que formas procura manter os seus alunos motivados?

Professora Fernanda: A Matemática é a ciência do raciocínio lógico e abstrato. Sendo uma disciplina de continuidade, exige trabalho regular e esforço. De forma a motivar os meus alunos, tento proporcionar situações de aprendizagem ligadas à vida real, bem como os incentivo a resolverem os exercícios como etapas de um jogo. Este ano letivo, os alunos têm usado a plataforma Milage Aprender + nos seus dispositivos móveis para aprenderem e consolidarem conhecimentos matemáticos. É uma forma de motivá-los para a disciplina utilizando as novas tecnologias.

Inês: Acha que os seus alunos ocupam parte do seu tempo a estudar matemática em casa? Que recomendações tem para estes alunos que não estudam como deveriam?

Professora Fernanda: Na minha opinião, a maioria dos alunos não dedica o tempo necessário ao estudo da disciplina fora da sala de aula. Atualmente, a Matemática é imprescindível para o desenvolvimento das ciências experimentais e aplica-se a diversos ramos tecnológicos. É usada em muitas áreas do conhecimento, tais como a medicina, engenharia, física, química, biologia, ciências sociais ... e vida doméstica. A este propósito gostava de lembrar que o tema deste ano do Dia Internacional da Matemática é "A Matemática Une", o que demonstra a abrangência da disciplina. A Matemática está em todo o lado na nossa vida e é muito mais do que números. Por essa razão os alunos que não têm conhecimentos matemáticos estarão a condicionar o seu futuro pessoal e profissional.

José Miguel: Para terminar, gostaríamos de saber se tem alguma pergunta em específico para fazer aos alunos. Uma vez que fazemos parte desse grupo, poderíamos responder em nome de todos.

Professora Fernanda: Por que não dedicam mais tempo à disciplina de Matemática? Ela não é nenhum "bicho-papão"!

Inês: Muito obrigada por ter aceitado estar aqui presente e um bom Dia Internacional da Matemática.


Entrevista à Dona Fernanda

Inês: Hoje, dia 2 de fevereiro de 2022, vamos entrevistar Maria Fernanda Pinheiro Rodrigues Pires, mais conhecida como Dona Fernanda, a acolhedora e dedicada funcionária da Escola Básica de Gualtar, onde trabalha há mais de duas décadas.

José Miguel: Boa tarde, D. Fernanda. Fazemos parte da equipa do Jornal da Escola e, como disse a minha colega Inês, estamos aqui para a entrevistar e dar a conhecer aos outros a outra face da D. Fernanda.

D. Fernanda: Boa tarde.

Inês: Para começar, gostaríamos de saber um pouco sobre o seu passado e como chegou aqui.

José Miguel: Podemos começar pelo seu nascimento. Já sabemos que nasceu em França, mas pode contar-nos um pouco mais sobre o seu nascimento e sobre a sua infância?

D. Fernanda: Eu nasci nos anos 60, em França. Tive um pai sensacional que sempre nos dizia que tínhamos de ler, porque através da leitura conhecíamos o mundo. Era uma pessoa muito crítica. Há um episódio que eu conto muitas vezes. O meu pai comprava dois jornais, não tinha dinheiro para mais e, ao domingo, lia-nos as notícias todas. O segundo lia-nos à quarta-feira até ao próximo domingo. Isso ensinou-nos a abrir um espírito crítico, por exemplo, os meus irmãos são muito críticos.

Inês: A seguir gostaríamos que nos contasse um pouco à cerca da sua educação e formação, ou seja, o seu caminho profissional e académico até ao momento.

D. Fernanda: Eu, até aos dez anos, estudei em França. Entretanto, o meu pai faleceu, por isso, mudei de aldeia e fiz nela o 5º e 6º ano. Adorei as pessoas, a escola e os meus amigos. Em 1974, a minha mãe lembrou-se que não queria mais estar lá e, como houve a revolução cá, decidiu trazer para Portugal. Nessa altura, tive um pequeno choque cultural, pois vim para um país onde não havia se quer água em casa, tínhamos que ir à fonte, tínhamos que regar, cultivar os milhos e assim. Pronto, trabalhei no campo durante muito tempo. Aos 12 anos, sai de casa e fui trabalhar para um agricultor. Depois trabalhei numa instituição de freiras e adorei. As pessoas dizem às vezes certas coisas, mas eu, por acaso, gostei. Depois, trabalhei nas limpezas e na restauração. Entretanto, houve o concurso da escola e concorri, em 1987.

José Miguel: O que a levou a escolher esta profissão?

D. Fernanda: Primeiro, escolhi esta profissão, porque quando era pequena o meu sonho era ser professora, tal como o sonho de todas as crianças. Eles eram, fora a minha família, os meus ídolos e heróis. Claro que, como não podia continuar a estudar porque não tinha meios, tentei escolher uma profissão que pudesse contactar com as crianças, os jovens e os adultos, mas sobretudo nesta faixa etária, os adolescentes. Eu adoro os adolescentes, porque são muito versáteis. Acho que todos os dias aprendo com eles.

Inês: Trocaria a sua profissão e o seu modo de vida atual? Se sim, porquê e qual seriam as outras opções? E se não, também porquê?

D. Fernanda: Neste momento, nunca na vida trocaria a minha profissão. Eu sinto-me bem realizada, embora, nós funcionários, ganhamos o ordenado mínimo e acho que não se justifica um ordenado tão baixo para as nossas funções. Porém, em troca disso, sinto-me realizada e feliz. Gosto da minha escola e de todas por onde passei. Esta é a quarta e gosto delas todas.

José Miguel: Alguém lhe deve um pedido de desculpas?

D. Fernanda: A mim, que eu saiba, não. Porque é que me perguntas isso?

José Miguel: Não sei. Pergunto, porque tenho a intenção de passar aos outros esta Dona Fernanda que perdoa toda a gente, mesmo que eles não lhe peçam desculpas.

D. Fernanda: Olha, eu acho que ninguém me fez assim tão mal para me ter de pedir desculpas. Eu penso que a vida é assim mesmo. Vou ser sincera, eu só me zango mesmo com os meus amigos, porque com os inimigos, primeiramente, acho que não tenho muitos inimigos, mas se tivesse não lhes ligaria. É lógico que com os amigos às vezes temos as nossas "rixas", mas acho que temos que ultrapassar isso e perdoarmo-nos. Eu, por acaso, tive a sorte de ser sempre abençoada. As pessoas gostam de mim e eu gosto delas e vice-versa.

Inês: Durante estes anos que aqui trabalhou, aprendeu algo com os alunos e com os seus colegas de trabalho?

D. Fernanda: Todos os dias aprendo algo. Com os alunos, então, é todos os dias um mundo fantástico. É um universo que se abre. Com os meus colegas, sim, aprendo algo todos os dias. Eu agradeço às pessoas, porque eu aprendo muito com as que me rodeiam.

José Miguel: Qual foi o melhor conselho que já recebeu e deu na vida?

D. Fernanda: O melhor conselho que recebi na minha vida foi do meu pai. O meu pai dizia que não devia competir com as pessoas. Ele usava a expressão "Calça os mocassins deles". Os mocassins eram os sapatinhos deles, isto é, põe-te no lugar do outro antes de o julgar. Acho que isso foi a maior lição de vida que o meu pai me ensinou. Eu tento pôr-me no lugar do outro antes de o julgar. Claro que, às vezes, nós somos humanos. Julgamos e depois é que pensamos.

José Miguel: E qual foi o melhor conselho que deu na vida?

D. Fernanda: Eu acho que dei bastantes, mas o maior que vos dou é amar, amar intensamente uns aos outros e respeitar uns aos outros. Acho que foi esse.

Inês: Durante estas últimas semanas, perguntamos a alunos, funcionários e professores como é que a descreveriam numa só palavra e estas foram as respostas:

José Miguel: Empenhada, afável, top, meiga, boa pessoa, acolhedora, carinhosa, amorosa, 5 estrelas.

Inês: Generosa, simpática, incrível, fantástica, excelente, maternal, jovem e amigável.

D. Fernanda: Esqueceram-se de ver o outro lado. Eu também tenho defeitos e são bastantes. Por exemplo, quando resmungo por tudo e por nada, mas tento ultrapassar essa parte. Nem sempre estou bem-disposta, porque também tenho os meus dias maus, mas fico contente por saber que as pessoas vejam o meu lado positivo.

José Miguel: Para não se esquecer deste momento e de nós, entregamos-lhe esta orquídea com todas as palavras para se lembrar todos os dias desta entrevista.

D. Fernanda: Tão bonita, que linda. Muito obrigada. Nunca me vou esquecer.

Inês: Para terminar nós gostaríamos de saber se concorda com que as pessoas disseram de si?

D. Fernanda: Eu concordo, porque se elas o disseram é porque o pensam. Claro que concordo, só que não sou assim tão perfeita como isso. Tenho os meus defeitos. Ainda bem que os tenho. Não queria ser uma pessoa infalível, pois eu sou, antes de tudo, uma pessoa e não um deus.

José Miguel: Obrigado por estar aqui e por nos ter acolhido. Foi um prazer.

Inês: Muito obrigada. Foi um prazer.

D. Fernanda: Obrigada eu e obrigada a toda a escola e alunos, professores e funcionários. Obrigada a todos, mesmo.


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